Na Estante da Clau
Aqui pretendo dividir com vocês os livros que me marcaram. Gosto das histórias reais, das biografias e de vidas que tocam nossas vidas. Sou muito ligada nas histórias verídicas, nos estudos e nas pesquisas.
Com a leitura aprendi a relaxar, descontrair, agregar novos conhecimentos, olhar para dentro de mim mesma e, principalmente, abrir as portas da idealização. Sinto-me motivada, energizada e bastante empolgada.
Que a leitura também possa tocar sua alma!
Faça Acontecer – Mulheres, trabalho e vontade de liderar
por Sheryl Sandberg
Com esse título já dá para perceber a força por trás de toda mulher. Somos a maior parte da força de trabalho no mundo, mas, ainda assim, ficamos muito aquém dos cargos de liderança, os quais são dominados pelos homens. Nossa voz não tem o mesmo peso nas decisões mais importantes. Não temos equiparação salarial e sofremos com anos de estagnação na carreira. Nosso potencial dificilmente é percebido ou considerado.
A Sheryl foi eleita como uma das 10 mulheres mais poderosas do mundo. Ela é executiva do Facebook e, neste livro, faz uma reflexão, baseada em sua experiência, para incentivar as mulheres a atingir todo o seu potencial. É um livro sobre coragem, sonhos e sabedoria. Seria quase um manifesto feminino para que todos, homens e mulheres, pensem a respeito das questões de gênero no mundo corporativo. E suas ponderações são inspiradoras para todas nós. Sim, podemos fazer acontecer.
“Para crescer e superar seus limites, é preciso acreditar em suas capacidades. Não fique encabulada se falar e não te ouvirem, se respeitarem a opinião de um homem que esteja ao seu lado. Respire fundo e continue com a mão levantada. Aprenda a tomar o seu lugar à mesa”
RITA LEE – Uma autobiografia
por Rita Lee
Esse é um daqueles livros com leitura agradável e que nos remete à juventude. Quem não se lembra de músicas como “Desculpe o Auê”, “Baila Comigo”, “Ovelha Negra”, “Mania de Você” e tantas outras que habitam nossas memórias das décadas de 80 e 90? Sim, Rita Lee foi um ícone nacional e representou uma geração inteira.
Rita Lee – Uma autobiografia nos prende desde o início. É interessante acompanhar a vida dessa cantora paulistana e sua infância passada no bairro da Vila Mariana, no casarão da família, com pais, irmãs, família, amigos e animais. A identificação com os locais de sua narrativa deixou sua história mais real para os moradores de São Paulo.
Achei muito curioso descobrir como Rita Lee compôs todas as suas músicas. Entramos em contato com toda a sua criatividade e espontaneidade. Seu relato expõe suas vulnerabilidades, seus medos, seus tombos, mas também seus sucessos. Podemos acompanhar o desenrolar de sua carreira, seu casamento e parceira incrível com Roberto de Carvalho, seus 3 filhos e, também, seus vícios com álcool e drogas.
Rita Lee é uma pessoa divertida, com um humor refinado, que escancara, sem receio, o lado sinistro de sua vida, mas também nos presenteia com suas glórias. Sua essência está detalhada nesse livro.
Quando terminei de ler, precisei ouvir todas as músicas da Rita Lee novamente. Foi um momento nostalgia muito gostoso. E é muito legal descobrir como e porque cada uma daquelas músicas foi composta. O livro é recheado de fotos (do acervo próprio), o que nos aproxima mais ainda da sua história.
Gostei bastante dessa biografia. Totalmente indicado para quem tem 40, 50, 60 anos ou mais.
“A LÔKA – Não faço a Madalena arrependida com discursinho antidrogas, não me culpo por ter entrado em muitas, eu me orgulho de ter saído de todas. Reconheço que minhas melhores músicas foram compostas em estado alterado, as piores também. Lamento apenas a demora em perceber que o “remédio” já estava há muito fora de validade, coisas de capricorniana fixa. Minha geração sofreu a claustrofobia de uma ditadura brucutu, usar drogas então era uma maneira de respirar ares de liberdade. Sei que há ainda quem me veja malucona, doidona, porra-louca, maconheira, droguística, alcoólatra e lisérgica, entre outras virtudes. Confesso que vivi essas e outras tantas, mas não faço a ex-vedete-neo-religiosa, apenas encontrei um barato maior: a mutante virou meditante. Se um belo dia você me encontrar pelo caminho, não me venha cobrar que eu seja o que você imaginou que eu deveria continuar sendo. Se o passado me crucifica, o futuro já me dará beijinhos. Enquanto isso, sigo sendo uma septuagenária bem-vivida, bem-experimentada, bem-amada, careta, feliz e… bonitinha.”
Talvez você deva conversar com alguém – Uma terapeuta, o terapeuta dela e a vida de todos nós
por Lori Gottlieb
Lori Gottlieb é uma psicoterapeuta norte-americana que vive e atende em Los Angeles. Seu livro tornou-se um fenômeno de vendas ao desvendar com detalhes tanto a sua experiência pessoal quanto a de seus pacientes, mostrando para os leitores diversos conflitos, angústias e mistérios pelos quais o ser humano pode passar ao longo da vida. Há muita sensibilidade em sua narrativa e seu relato é genuíno.
Lori nos conta a história de quatro pacientes com questões distintas e também sua própria experiência em busca de amparo como paciente. São cenários de vulnerabilidade e é nesse momento que tomamos consciência de situações de fragilidade como o luto, o vício, o suicídio e a finitude.
Interessante também conhecer como trabalham os terapeutas. A terapia ainda é um tabu para muitas pessoas e a autora nos mostra a importância de um processo de autoconhecimento. Como ela mesma pontua: “A maioria das grandes transformações resulta de centenas de pequenos passos, quase imperceptíveis, que damos ao longo do caminho”.
Ainda hoje muitas pessoas relutam em buscar a ajuda de um terapeuta, talvez por medo, culpa ou até sofrimento intenso, mas neste livro percebemos que a resposta para muitos dos nossos conflitos pode estar nesse suporte cuidadoso e atencioso. Somos capazes, sim, de mudar nossas vidas: “Sempre existe uma saída, desde que estejamos dispostos a vê-la”.
A leitura do livro flui de forma agradável, com uma escrita minuciosa e convidativa, fazendo sempre referência a teorias e nomes importantes do mundo da Psicologia. Livro que vale a pena.
“A natureza da vida é a mudança, e a natureza das pessoas é resistir à mudança”.
Indomavel
por Glennon Doyle
O que esperar desse título? Já parou para pensar nas diversas jaulas que nos são impostas ao longo da vida?
Glennon Doyle discorre de forma bastante sensata sobre as escolhas de vida que são feitas por nós, mulheres. Estamos sempre querendo agradar, nos empenhamos em ser boas em tudo o que fazemos e nos cobramos demais por isso. Temos que ser boas filhas, boas esposas, boas mães, boas profissionais, boas amigas e por aí segue uma lista extensa. Com isso, acabamos sobrecarregas e esgotadas. Muitas de nós ainda acreditam que temos que aceitar muitas das condições que nos são impostas.
Contando sua experiência de vida, a autora aponta para o fato de que nossa cultura nos condicionou a acreditar e aceitar o que nos foi determinado, o que muitas vezes nos limita e nos deixa “enjauladas”. Esse livro é uma história sobre como as mulheres podem e devem acreditar em si mesmas, determinar seus limites e libertar suas intuições como forma de honrar sua individualidade e sua vida. Sem dúvida, é sobre a coragem para deixar de lado as expectativas limitantes impostas pela sociedade, nos impelindo a cuidar de nossa própria essência.
Acredito que a Glennon nos faz ponderar, e muito, sobre os vieses inconscientes que acabamos incorporando ao longo de nossas vidas.
Gostei muito do livro e das reflexões que somos levadas a fazer. Recomendo.
“Examinei profundamente minha fé, minhas amizades, meu trabalho, minha vida inteira, e me perguntei: quanto tudo isso foi ideia minha? Eu quero mesmo essas coisas, ou foi isso que fui condicionada a querer? Quanto de quem me tornei é inerente e quanto foi só herdado? Quem eu era antes de me tornar quem o mundo me ensinou a ser?”
O Poder da Leitura Terapêutica
E em meio às leituras, descobri a biblioterapia. Muitos apaixonados por livros defendem que a leitura pode ser uma experiência terapêutica, pois proporciona um certo conforto curativo. A biblioterapia é um processo que se vale da leitura para favorecer o crescimento e o desenvolvimento pessoal. Trata-se de uma leitura orientada, com assuntos previamente selecionados, que auxilia na busca do autoconhecimento, sempre trazendo experiências marcantes. A biblioterapia estimula emoções, promove diálogos e faz com que os participantes reflitam sobre suas próprias atitudes e percepções. É um cuidado com o ser humano, um alento, um carinho.