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(dir) Cartas para minha avó

Cartas para Minha Avó

por Djamila Ribeiro

Este é um livro de pura sensibilidade e amorosidade. É uma história que enfatiza a relevância da ancestralidade e valoriza a ciranda de mulheres fortes e guerreiras que, de geração em geração, ensinam sua maneira peculiar de amar.
Aqui, Djamila conta sua trajetória de vida por meio de cartas endereçadas à sua avó, Antônia, que faleceu quando ela tinha 13 anos. Com sua narrativa, ela reforça que sua avó foi uma figura central para quem ela se tornou hoje. É um mergulho nas lembranças de sua infância e adolescência passadas em Santos, no litoral paulista.
A autora não queria ser como sua mãe, que precisou lutar muito para criar os filhos numa sociedade racista. E este livro serviu para que ela pudesse se reencontrar e fazer as pazes com uma situação que foi ensinada a rejeitar desde pequena. E assim, percebeu que não precisaria carregar esse conflito interno pra sempre. Ocupar esse lugar que a mãe e a avó tiveram ao longo de sua vida e que não haviam sido reconhecidos foi crucial. Essa percepção fez com que ela despertasse para o feminismo e o antirracismo valorizando, dessa forma, o cuidado que transmite agora para sua filha de 16 anos.
Cartas Para Minha Avó é um livro que enaltece a importância da ancestralidade e da linhagem feminina. O resultado é um relato forte, sincero e muito emocionante. Sem dúvida, me vi representada em várias situações contadas pela Djamila. É um espaço de afeto, acolhimento e cumplicidade para todas as mulheres. É lindo constatar o quanto ela honra sua avó e sua mãe.
Leiam !!!! Vale muito a pena.

“Eu repudiava fortemente quando as pessoas diziam “Djamila não tem mãe, não tem vó”, porque eu tenho, sim, elas só não estão mais nesse plano. Dizer que eu não tenho avó é negar a sua influência na minha vida, o amor que me protegeu e curou, é negar parte de mim.
Há uma enorme diferença entre acostumar-se e aceitar. Passei a aceitar sua ausência física e carregar sua força, e falo de você com lágrimas de alegria e gratidão pela oportunidade do encontro, mas nunca me acostumei com a sua ausência.”