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RITA LEE – Uma autobiografia

RITA LEE – Uma autobiografia

por Rita Lee

Esse é um daqueles livros com leitura agradável e que nos remete à juventude. Quem não se lembra de músicas como “Desculpe o Auê”, “Baila Comigo”, “Ovelha Negra”, “Mania de Você” e tantas outras que habitam nossas memórias das décadas de 80 e 90? Sim, Rita Lee foi um ícone nacional e representou uma geração inteira.
Rita Lee – Uma autobiografia nos prende desde o início. É interessante acompanhar a vida dessa cantora paulistana e sua infância passada no bairro da Vila Mariana, no casarão da família, com pais, irmãs, família, amigos e animais. A identificação com os locais de sua narrativa deixou sua história mais real para os moradores de São Paulo.
Achei muito curioso descobrir como Rita Lee compôs todas as suas músicas. Entramos em contato com toda a sua criatividade e espontaneidade. Seu relato expõe suas vulnerabilidades, seus medos, seus tombos, mas também seus sucessos. Podemos acompanhar o desenrolar de sua carreira, seu casamento e parceira incrível com Roberto de Carvalho, seus 3 filhos e, também, seus vícios com álcool e drogas.
Rita Lee é uma pessoa divertida, com um humor refinado, que escancara, sem receio, o lado sinistro de sua vida, mas também nos presenteia com suas glórias. Sua essência está detalhada nesse livro.
Quando terminei de ler, precisei ouvir todas as músicas da Rita Lee novamente. Foi um momento nostalgia muito gostoso. E é muito legal descobrir como e porque cada uma daquelas músicas foi composta. O livro é recheado de fotos (do acervo próprio), o que nos aproxima mais ainda da sua história.
Gostei bastante dessa biografia. Totalmente indicado para quem tem 40, 50, 60 anos ou mais.

“A LÔKA – Não faço a Madalena arrependida com discursinho antidrogas, não me culpo por ter entrado em muitas, eu me orgulho de ter saído de todas. Reconheço que minhas melhores músicas foram compostas em estado alterado, as piores também. Lamento apenas a demora em perceber que o “remédio” já estava há muito fora de validade, coisas de capricorniana fixa. Minha geração sofreu a claustrofobia de uma ditadura brucutu, usar drogas então era uma maneira de respirar ares de liberdade. Sei que há ainda quem me veja malucona, doidona, porra-louca, maconheira, droguística, alcoólatra e lisérgica, entre outras virtudes. Confesso que vivi essas e outras tantas, mas não faço a ex-vedete-neo-religiosa, apenas encontrei um barato maior: a mutante virou meditante. Se um belo dia você me encontrar pelo caminho, não me venha cobrar que eu seja o que você imaginou que eu deveria continuar sendo. Se o passado me crucifica, o futuro já me dará beijinhos. Enquanto isso, sigo sendo uma septuagenária bem-vivida, bem-experimentada, bem-amada, careta, feliz e… bonitinha.”