Na Estante da Clau
Aqui pretendo dividir com vocês os livros que me marcaram. Gosto das histórias reais, das biografias e de vidas que tocam nossas vidas. Sou muito ligada nas histórias verídicas, nos estudos e nas pesquisas.
Com a leitura aprendi a relaxar, descontrair, agregar novos conhecimentos, olhar para dentro de mim mesma e, principalmente, abrir as portas da idealização. Sinto-me motivada, energizada e bastante empolgada.
Que a leitura também possa tocar sua alma!
A Bailarina de Auschwitz
por Edith Eva Eger
Mais uma biografia fascinante!
Acompanhar o que a Dra Edie, como é conhecida agora, passou em sua vida é absolutamente necessário.
A Bailarina de Auschwitz (Choices – no título original) é a narrativa de uma sobrevivente do Holocausto que marcou o mundo pela forma cruel como matou mais de 6 milhões de pessoas, separou famílias e deixou marcas profundas na alma daquelas pessoas.
Edith foi encaminhada para o campo de extermínio juntamente com sua família aos 16 anos. Na época era uma bailarina e ginasta. Seu relato é pungente e devastador. Depois de tudo o que viveu naquele período, seria praticamente impossível que pudesse ser resgatada com vida de uma pilha de corpos pelos soldados americanos. Foram experiências brutais demais para que possamos imaginar a crueldade humana.
Mas o que se passou depois, a forma como teve que reaprender a encarar a vida, a vencer seus medos e a enfrentar seus traumas é o maior ensinamento que ela poderia nos deixar. São várias as lições de vida e ela optou por fazer a diferença na vida de outras pessoas: “Sofrer é inevitável e universal, mas a maneira como reagimos ao sofrimento varia”.
Essa mulher inspiradora encontrou uma forma linda de ajudar outras pessoas a se libertarem de seus traumas. Ela soube expor a necessidade de buscar o perdão para diversos acontecimentos da vida, superando medos para alcançar uma liberdade interior. E essa capacidade de perdoar é um dos grandes ensinamentos que ela nos passa em seu livro.
Fiquei muito emocionada com a leitura. Super recomendo.
“O sofrimento é universal, mas o complexo de vítima é opcional.
Existe uma diferença entre ser vítima e assumir o papel de vítima. Somos todos suscetíveis a nos tornar vítimas de alguma maneira. Todos sofremos algum tipo de aflição, desgraça ou abuso causado por pessoas ou circunstâncias sobre as quais não temos controle. Isso é ser vítima. É algo que vem de fora. É o valentão da escola, o chefe furioso, a esposa que agride, o amante que trai, a lei que discrimina, o acidente que leva para o hospital. Em contrapartida, o complexo de vítima vem de dentro. Ninguém pode fazer você se sentir inferior, a não ser você mesmo. Nós nos tornamos vítimas não pelo que acontece conosco, mas quando escolhemos nos agarrar ao sofrimento. Desenvolvemos uma forma de pensar e de agir que é rígida, culpada, pessimista, presa ao passado, rancorosa, punitiva e sem limites saudáveis. Nós nos tornamos nossos próprios carcereiros quando escolhemos ficar confinados ao papel de vítima.”
Cartas para Minha Avó
por Djamila Ribeiro
Este é um livro de pura sensibilidade e amorosidade. É uma história que enfatiza a relevância da ancestralidade e valoriza a ciranda de mulheres fortes e guerreiras que, de geração em geração, ensinam sua maneira peculiar de amar.
Aqui, Djamila conta sua trajetória de vida por meio de cartas endereçadas à sua avó, Antônia, que faleceu quando ela tinha 13 anos. Com sua narrativa, ela reforça que sua avó foi uma figura central para quem ela se tornou hoje. É um mergulho nas lembranças de sua infância e adolescência passadas em Santos, no litoral paulista.
A autora não queria ser como sua mãe, que precisou lutar muito para criar os filhos numa sociedade racista. E este livro serviu para que ela pudesse se reencontrar e fazer as pazes com uma situação que foi ensinada a rejeitar desde pequena. E assim, percebeu que não precisaria carregar esse conflito interno pra sempre. Ocupar esse lugar que a mãe e a avó tiveram ao longo de sua vida e que não haviam sido reconhecidos foi crucial. Essa percepção fez com que ela despertasse para o feminismo e o antirracismo valorizando, dessa forma, o cuidado que transmite agora para sua filha de 16 anos.
Cartas Para Minha Avó é um livro que enaltece a importância da ancestralidade e da linhagem feminina. O resultado é um relato forte, sincero e muito emocionante. Sem dúvida, me vi representada em várias situações contadas pela Djamila. É um espaço de afeto, acolhimento e cumplicidade para todas as mulheres. É lindo constatar o quanto ela honra sua avó e sua mãe.
Leiam !!!! Vale muito a pena.
“Eu repudiava fortemente quando as pessoas diziam “Djamila não tem mãe, não tem vó”, porque eu tenho, sim, elas só não estão mais nesse plano. Dizer que eu não tenho avó é negar a sua influência na minha vida, o amor que me protegeu e curou, é negar parte de mim.
Há uma enorme diferença entre acostumar-se e aceitar. Passei a aceitar sua ausência física e carregar sua força, e falo de você com lágrimas de alegria e gratidão pela oportunidade do encontro, mas nunca me acostumei com a sua ausência.”
Longe da Árvore – Pais, Filhos e a Busca da Identidade
por Andrew Solomon
Esse livro mexeu muito comigo. Eu o descobri quando fazia minha pesquisa sobre Superdotação para poder escrever o meu próprio livro.
Ele é maravilhoso, extraordinário e absurdamente sensível. Acho que posso considerá-lo como o melhor livro que já li na vida. O Andrew Solomon é um escritor incrível. Ele tem um conhecimento vasto e se valeu de uma pesquisa de mais de 10 anos sobre o universo da diversidade em famílias com filhos marcados pela excepcionalidade para poder compilar tudo numa única obra. Só o título já nos sugere o que iremos encontrar. O que significa ser diferente para você? Já se sentiu diferente de um grupo em algum momento de sua vida? Todos os pais esperam que seus filhos sejam como eles são e que, de alguma forma, se pareçam com eles. E se isso não acontecer de verdade? Já pensou ter um filho autista, esquizofrênico, com síndrome de down ou até mesmo um criminoso? Sim, os frutos podem cair longe da árvore. E muitas pessoas são obrigadas a se deparar com o diferente de si mesmo. O Andrew soube mostrar com uma grandeza de alma tudo o que famílias “diferentes” enfrentam e a aceitação incondicional de filhos que desafiaram o afeto e o amor de seus pais. É um livro sobre coragem, sobre humanidade, mas acima de tudo, sobre AMOR.
“Qualquer um de nós pode ser uma versão melhor de si mesmo, mas nenhum de nós pode ser outra pessoa”.
A morte é um dia que vale a pena viver
por Dra. Ana Claudia Quintana Arantes
A autora é médica e uma das maiores referências no país sobre Cuidados Paliativos. Caso ainda não tenha ouvido falar sobre Cuidados Paliativos, são ações realizadas para melhorar a qualidade de vida de pacientes e suas famílias frente a uma doença que possa ameaçar a vida. Depois de ler esse livro, acho que todo ser humano deveria ter o direito a Cuidados Paliativos ao enfrentar uma situação de tamanha fragilidade como essa.
Nesse livro, sua abordagem sobre a finitude é brilhante. Para ela, a morte não deveria assustar as pessoas, já que todos nós devemos ter consciência de que iremos morrer um dia. Mas o que é mais triste é que a grande maioria das pessoas chega ao final de suas vidas sem aproveitá-la e, geralmente, é nesse momento que, muitas vezes, o arrependimento por algo não feito, não falado, não perdoado vem à tona. Com a proximidade do fim, as pessoas percebem que não usaram o “seu tempo” da maneira como gostariam. Ela enfatiza que o contrário da morte não é a vida e sim o nascimento. A vida é tudo aquilo que construímos nesse intervalo. Acho essa percepção maravilhosa.
O recado é contundente: vamos viver da melhor forma, vamos amar o máximo que conseguirmos, vamos aproveitar cada dia da melhor forma possível, sem medos e amarguras, vamos ampliar a forma como encaramos a morte e, assim, enfrentar nossa finitude como um processo natural da nossa caminhada. Quando perdemos uma pessoa amada, ela certamente permanecerá dentro de nós. E será essa lembrança de amor, alegria, força e sentido da vida que irá valorizar a relação existente e fará com que possamos enfrentar, suportar e vencer a dor.
Livro recheado de extrema sensibilidade e muita sabedoria. Lindo, lindo!!! Recomendo.
“O que separa o nascimento da morte é o TEMPO. A vida é o que fazemos dentro desse tempo; é a nossa experiência. Quando passamos a vida esperando pelo fim do dia, pelo fim de semana, pelas férias, pelo fim do ano, pela aposentadoria, estamos torcendo para que o dia da nossa morte se aproxime mais rápido. O tempo corre em ritmo constante. A vida acontece todo dia, e poucas vezes as pessoas parecem se dar conta disso.”
O Segredo da Dinamarca
por Helen Russell
Este é um livro com uma leitura divertida e agradável. A autora é uma jornalista inglesa que larga sua vida agitada em Londres para acompanhar o marido que foi contratado pela Lego na Dinamarca. Ela conta sua história de adaptação ao país e sua tentativa de descobrir porque os dinamarqueses são considerados o povo mais feliz do mundo.
Enquanto tenta se adaptar a um país com língua e costumes bastante diferentes dos seus, ela descobre a prática do hygge (estilo de vida dinamarquês) que preza o sentimento de aconchego num país onde o inverno é rígido e obriga seus moradores a ficarem muito tempo dentro de suas casas. O hygge sugere bebidas quentes, roupas confortáveis, cobertores macios e quentes, momentos de relaxamento e meditação, iluminação adequada e culinária cuidadosa e o uso cotidiano de velas aromáticas nos ambientes. Mas uma coisa que me chamou a atenção foi que os dinamarqueses confiam uns nos outros. O fator confiança nos poupa de uma série de estresses desnecessários. Já pensou em confiar mais nas pessoas à sua volta?
Quando lemos o livro nos dá vontade de morar na Dinamarca. Mas a mensagem é que podemos ser felizes em qualquer lugar do mundo, basta adquirirmos hábitos que estimulem a felicidade que tanto buscamos. Que tal exercitarmos mais a nossa criatividade em prol do que nos traz bem-estar? Ter um hobby, valorizar a família que temos, fazer exercícios, caprichar nos nossos momentos de descanso, fazer do nosso lar o melhor lugar do mundo para se viver, com aconchego, leveza e alegria e valorizar os prazeres simples da vida. O conceito mais valioso é tornar as coisas do cotidiano especiais e buscar ter uma vida mais agradável possível.
Minha História
por Michelle Obama
Que história fascinante!!!
É muito inspirador conhecer a história dessa mulher negra que batalhou para estudar, trabalhar, se sentir reconhecida e, por fim, chegar até a Casa Branca. Michelle ressalta muito a importância da educação que recebeu dos pais e todo incentivo para que ela estudasse para se tornar uma pessoa independente. Seu pai priorizava o trabalho duro e sua mãe lhe dava todo apoio para que ela fosse uma pessoa determinada.
Em seu relato podemos conhecer a alma de uma mulher inteligente, autêntica e corajosa, que descreve uma história repleta de muita luta, com vitórias e decepções.
E é nessa história sobre educação, trabalho, casamento, maternidade, respeito e muito empoderamento que Michelle consegue nos mostrar a força de uma mulher incrível.
O legado deixado por ela é que devemos nos orgulhar de nossas próprias histórias, devemos encontrar a resposta para quem somos e quem desejamos ser.
Mais um livro que enaltece a força do feminino, do quanto somos capazes de evoluir e cuja história nos inspira a fazer o mesmo.
Minha extrema consideração por Michelle Obama.
“A cada porta que se abriu para mim, procurei abrir a minha a outros. Por fim, o que tenho a dizer é o seguinte: convidemo-nos uns aos outros a entrar. Assim talvez possamos começar a temer menos, a julgar menos, a abandonar os preconceitos e estereótipos que criam divisões desnecessárias. Assim possamos abraçar o que temos em comum. O que importa não é a perfeição. O que importa não é o destino final. Há poder em se fazer conhecer e ouvir, em ter sua própria história, em usar sua voz autêntica. E há beleza em se dispor a conhecer e ouvir outros. Para mim, é assim que construímos nossa história”.
O Poder da Leitura Terapêutica
E em meio às leituras, descobri a biblioterapia. Muitos apaixonados por livros defendem que a leitura pode ser uma experiência terapêutica, pois proporciona um certo conforto curativo. A biblioterapia é um processo que se vale da leitura para favorecer o crescimento e o desenvolvimento pessoal. Trata-se de uma leitura orientada, com assuntos previamente selecionados, que auxilia na busca do autoconhecimento, sempre trazendo experiências marcantes. A biblioterapia estimula emoções, promove diálogos e faz com que os participantes reflitam sobre suas próprias atitudes e percepções. É um cuidado com o ser humano, um alento, um carinho.